domingo, 9 de dezembro de 2012

VIVENDO UM CRISTIANISMO AUTÊNTICO



Acredito no Deus hebraico-cristão. Deus pra mim é tudo. Ele precede tudo e deu origem a tudo. Portanto, Deus é o “ato puro” da metafísica aristotélica.

Contudo, tenho certo problema com muitas religiões ditas cristãs. Vejo um contraste entre o cristianismo (verdadeiro) e a cristandade estabelecida em suas múltiplas denominações. Sempre compreendi que o cristianismo é de uma seriedade tremenda: afinal, é nessa vida que se decide a eternidade. Ser cristão é sê-lo com espírito, é a inquietude mais elevada da alma. Sim, ser cristão é a impaciência da eternidade, é temor e tremor contínuo, aguçados pelo fato de nos encontrarmos neste mundo perverso que crucifica o amor.

Hoje, após mais de dois mil anos de cristianismo, observo que tudo se tornou superficialidade na cristandade. Isso acontece porque o cristianismo é visto como instrumento capaz de facilitar sempre mais a vida, a temporalidade, no sentido mais trivial. O que as pessoas buscam não é Cristo. Não querem o Deus das bênçãos, querem tão unicamente as bênçãos de Deus. O que se quer é viver tranqüilo e atravessar o mundo em felicidade: essa é a razão por que quase toda a cristandade é puro disfarce e o cristianismo, em absoluto, é raro no mundo hodierno.


Sinto-me escandalizado diante da realidade - terrível! - de que, entre as heresias e os cismas, não se encontra nunca a heresia mais sutil e mais cheia de perigos: a heresia que consiste em “brincar de cristianismo”. Ser cristão não é usar chavões morais com pinceladas de religião. Ser Cristão é seguir os evangelhos, as palavras e orientações do Mestre. Dogmas e liturgias criados estritamente por homens, justificados por uma homilética pueril, falseando a exegese e jogando no lixo as premissas metodológicas de uma hermenêutica fundamental para análise das Escrituras, não são dignos de qualquer credibilidade ou de serem chamados cerimoniais cristãos.

É claro que jamais encontraremos uma instituição (igreja) perfeita. Por isso devemos ler as Escrituras e deixar o Espírito Santo falar ao nosso coração. Dessa maneira conseguiremos encontrar uma instituição que se assemelhe ao máximo possível da verdadeira filosofia pregada por Cristo. Sim, Jesus criou e difundiu uma filosofia. Essa filosofia é a tentativa de resgatar os valores originais ensinados por Deus “no princípio”. Os ensinamentos de Cristo terminam com a prova máxima do Seu amor, - a expiação de nossos pecados. Por isso, lembrando desse muito amor com que Ele nos amou, ao freqüentar uma igreja cristã, olhe sempre para Cristo. Deixe Ele ser o seu alvo. Não fraqueje na fé por causa de detalhes que são erros humanos. A fé vai além do próprio ideal ético da vida!

E se bater a angústia? Não desanime! A angústia é um sentimento positivo! Não, eu não estou ficando doido. Eu sei o que é isso. A angústia causa um nó por dentro, que se apresenta com aperto no peito, nas dimensões de um vazio profundo, gerando uma ausência de vontade. Só que através da angustia, temos a possibilidade da liberdade. Angustiar-se é encontrar-se consigo mesmo, única condição que nos permite emergir de inúmeros desafetos e melhorar nossas relações interpessoais. Passar por isso é como parar no tempo e no espaço e olhar para dentro de nós mesmos. É sentir que nossa alma precisa de Deus. Essa é uma oportunidade ideal para encontrar o que realmente importa na vida, ou mesmo, o que falta em nossa vida. Jamais senti tanto a presença de Deus na minha vida, me reconfortando e se manifestando em tudo e todos, do que quando estive angustiado. Nesse momento de reflexão e dor, o único remédio é o maravilhoso Criador.


Seja um cristão autêntico!

(Texto escrito por Cayo Matheus Ferro - Cópia permitida, favor citar a fonte)