quarta-feira, 8 de setembro de 2010

PAPO DE BOTEQUIM


Marx, Platão e o meu amigo papel.

Não sei o que você está fazendo agora, mas tenho certeza que está fazendo alguma coisa. Isto porque todos estamos, sempre. É provável que esteja apenas lendo este texto, mas pode ser que esteja se desdobrando em diversas tarefas quase que simultaneamente. Sobre essa segunda hipótese, li em algum lugar um estudo que comprovava o quanto perdemos em segundos, minutos ou mesmo horas, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. O pior é que eu sempre faço isso.

Gosto de fazer coisas. Detesto ficar parado. Já sonhei em fazer muitas coisas loucas, mas acabo transformando-as em literatura. Escrever é mais fácil que fazer. Na literatura podemos fazer com que nossas personagens digam ou façam algo que gostaríamos de dizer ou fazer e, no fim, não seremos recriminados pela sociedade, afinal, não fomos nós, foram as nossas personagens! Muitos autores fazem isso, - deixam o eu deles ser manifestado através da personagem. Para alguns, isso pode ser sinal de fraqueza. Eu prefiro pensar que é pura e simples preguiça. A personagem não precisa de justificativas, ela é assim e pronto. Gostem ou não.

Por falar em gostar, outro dia estava lendo um livro de sociologia que dava ênfase nas formulações teóricas de Karl Marx. Concordo que talvez o Comunismo não seja tão ruim assim(o conceito de bom ou ruim é relativo, depende do ponto de vista), afinal, o sistema capitalista já se mostrou contraproducente, visto que tem como conseqüência, entre outra coisas, extremas desigualdades sociais, alto endividamento externo nos países “em desenvolvimento” e um incrível desequilíbrio das condições de trocas comerciais entre o Norte e o Sul. Ta, tudo bem, o Capitalismo tirou a metade da Humanidade da miséria absoluta, mas o custo tem sido alto demais para a outra metade. Apesar disso, definitivamente, não me identifico com Marx. Sua alma é diferente da minha. Não que existam almas iguais, mas sua essência é diferente. Entendeu?

Vou explica melhor. A dificuldade reside em que os significados popularmente atribuídos à palavra portuguesa “alma” provêm primariamente, não das Escrituras Hebraicas ou das Gregas Cristãs, mas da antiga filosofia grega, na realidade, do pensamento religioso pagão. Platão, o filósofo grego, por exemplo, dividiu a alma em três partes, ou funções – razão, paixão e desejo – e disse que o comportamento correto resulta da harmonia entre esses elementos. O “comportamento correto” de Marx é diferente do meu. Tudo bem, você deve estar se perguntando: que raios isso tem a ver com início do texto?

Nada. Isso é só um papo de botequim. Senti a necessidade de escrever a esmo. Não ficar preso a formalidades, tipos ou gêneros textuais. Vez ou outra precisamos usar o papel(ou editor de texto do computador) como uma espécie de amigo, psicanalista ou ministro religioso mudo, que só ouve e nunca adverte ou recrimina. O papel é um ótimo ouvinte. Posso ficar horas escrevendo tudo o que me der na telha e ele não vai olhar para o relógio e dizer: “minha nossa! Está ficando tarde...” ou ”tenho um compromisso inadiável”. O papel nunca vai me interromper no meio de um raciocínio. Acho até que deveríamos mudar a expressão para: “papel: o melhor amigo do homem”. Ele fica ali quietinho e está sempre pronto a lhe ouvir. Nunca enche o saco ou te decepciona. Não te pede pra ser fiador e... claro, - nunca pede dinheiro emprestado! Quer melhor amigo que o papel? Eu amo o papel, - o bom amigo de todas as horas.

Pois então, você na certa já deixou de fazer as várias coisas que estava fazendo pra tentar entender esses devaneios que aqui estão escritos. Enquanto você tenta entender o propósito deste texto aparentemente(ou realmente) sem sentido, na certa eu já estarei conversando outra coisa com o meu amigo papel. Ta bom, pode pensar: “coitadinho, pirou de vez”. Não me importo. O importante é que o papel me entende. O dia que você estiver precisando falar maluquices, conversar fiado ou mesmo desabafar alguma coisa, experimente falar com o papel. Você vai ver como isso é gosto e relaxante. Salve o papel!!

2 comentários:

  1. Olá Cayo,
    Quero te parabenizar pelo Blog e pelas suas postagens. Já me tornei um seguidor.
    Quero aproveitar para te convidar a visitar e o meu Blog Teologia Inteligente e, se desejar, também segui-lo.
    Ah, e por favor, não deixe de comentar nossa última postagem; é só clicar aqui.
    Juntos somos mais eficazes na proclamação do Evangelho !!!
    Te espero lá...
    Soli Deo Gloria !!!

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  2. Também te seguindo Cayo, perdoe somente hoje vi que vc havia comentado meu texto sobre o Ambientalismo e o Evangelho, que Deus te abençoe e vou lerei com calma seus textos aqui.

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